Filhos de que?

Será realmente possível alguém ser filho de um estupro, de um descuido, de um engano, de um acidente? Sei que estas expressões e formas de falar são bastante corriqueiras. Mas você já parou para refletir o que costuma ser experimentado por um filho que é rotulado desta maneira?

Do ponto de vista sistêmico, entendo ser impossível alguém ser filho de um estupro ou de qualquer outra coisa que não seja a vida. Explico-me.

 

Há um força universal chamada Vida, que vem de longe, mas de tão longe que não temos condições de mensurar esta linha de tempo. E a Vida foi tomando cada pessoa que nos precedeu a seu serviço, formando incontáveis gerações antes de termos nosso corpo físico forjado a partir da união de um espermatozóide com um óvulo. A Vida ao fazer isto pouco se importou com os rótulos de bom e mau que cada uma destas pessoas recebeu no decorrer de toda História da Humanidade. A Vida é uma força que simplesmente nos atravessa e segue adiante na direção de nossos filhos, assim como um dia atravessou nossos pais e seguiu em nossa direção e, também, atravessou e seguiu na direção dos pais de nossos pais e assim por diante, numa escala infinita.

É dentro deste contexto que é possível afirmar que todo pai é o pai certo e toda mãe é a mãe certa, pois cada um deles, mesmo com toda sua humanidade imperfeita foi escolhido e tomado por esta força, que os colocou a seu serviço em favor da Vida. Desta forma, como conseguir dizer que um filho é o resultado de um estupro ou de um descuido ou de um engano ou de um acidente? Isto não é verdade, em absoluto. Um filho, qualquer que seja a forma por meio da qual ele tenha sido concebido, é simplesmente um filho da Vida.

O que será que acontece com um filho que cresce e se desenvolve acreditando que é filho de um estupro ou de um descuido ou de um engano ou de um acidente ou de qualquer outro julgamento feroz que pese sobre seus pais? Será que esta pessoa consegue tomar seus pais em seu coração, da forma que eles simplesmente são? E o que será que acontece com aquele que cresce e se desenvolve compreendendo que ele é o resultado da força da Vida que atravessou seus pais? Será que ele conseguirá tomar seus pais, da forma que eles são, com tudo o mais que vem com eles? Qual destas duas pessoas terá a força para seguir adiante? Com qual qualidade você acredita que cada uma destas pessoas experimentará passar pela Vida?

Por mais incrível que possa parecer, um filho que independentemente do seu destino consegue compreender que é uma resultante natural do fluxo da vida, pode tomar seus pais, quaisquer que sejam, em seu coração e experimentar paz. Pense nisto. Reflita como tem olhado para seus pais até aqui. Pondere o que tem falado para seus filhos sobre o pai ou a mãe deles até aqui. É possível ser diferente, diferente para melhor. Escolha ser quem você realmente é: filho da Vida. E que tal escolher isto agora?

 

Abraço repleto de integração, 

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